Eu contei!
Bom dia, meninas!
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Então, muita gente me pergunta se meu nome é Daniela mesmo. Quando eu digo que sim, a pessoa acaba pensando que como eu criei um blog com meu nome de verdade, todas as pessoas do meu mundo real sabem do meu problema, mas não é bem assim. Eu criei esse e-mail exclusivamente para criar o blog, então, a menos que eu conte pra alguém ou que algum conhecido meu esteja investigando minha vida na internet, não há nenhuma forma de alguém que eu conheço pessoalmente descobrir sobre o meu vaginismo.
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Meu marido acha que eu não deveria ter vergonha de contar isso a ninguém e esses dias uma amiguinha virtual (a S.) me perguntou pq eu não contei nem pras minhas amigas. Revirando minhas lembranças, eu consegui descobrir o porquê. Há bastante tempo (quase 1o anos), eu tinha acabado de começar a namorar meu primeiro namorado de levar em casa, sabe? Aí uma prima minha perguntou se eu já tinha transado com ele e eu disse que não pq doía muito e eu não conseguia, aí ela me deu dicas sobre posição, lubrificante e aquelas coisas que funcionam com gente "normal" e não servem pra nada pra gente. Quando contei isso pro meu namorado da época, ele ficou muito bravo, ele não queria que eu contasse pra ninguém que a gente não conseguia transar, ele tinha vergonha disso, sabe? Era como se de alguma forma, o fato de não conseguir transar ferisse a masculinidade dele. Como eu conheci ele na escola, todas as minhas amigas eram amigas dele tb, então eu não podia contar pra ninguém...
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Pois é, esse acontecimento com o ex foi tão forte que eu nunca mais contei nada pra ninguém, nem quando terminamos o namoro. Aí um belo dia (faz um ano, acho), eu queria porque queria desabonar o meu ginecologista pras minhas cunhadas (hahaha). É que eu achava um absurdo ele não conseguir diagnosticar meu problema por 10 anos e não queria que mais ninguém no mundo fosse naquele médico. Só que elas queriam que eu desse um motivo pra elas não irem mais lá, aí eu falei do vaginismo, bem por cima assim, como se não impedisse a penetração, só dificultasse por causa da dor. Bom, no fim elas se convenceram de que ele é um péssimo médico! hehehe
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Aí, esse final de semana, uma das minhas cunhadas me perguntou se eu tinha resolvido o problema e eu resolvi contar que sim e explicar como era. Contei tudo (o sofrimento, a terapia, os exercícios, tudo tudo) e ela concluiu que eu me casei virgem e que nem lua de mel num tive... sabe, foi tão legal poder contar pra alguém do meu mundo real... eu me senti tão "de verdade", sabe? Como se pela primeira vez eu pudesse ser eu mesma, sem fingir que era algo que não era... foi muito bom! :D
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Conversando com ela, eu cheguei a várias conclusões que nunca tinha pensando antes. Sabe, uma mulher quando supera o vaginismo tem muito mais domínio e propriedade sobre o seu sexo. Se eu faço sexo normalmente hoje, é porque eu conquistei isso, eu lutei por isso e eu quis isso mais do que tudo na minha vida. É muito diferente de uma mulher que facilmente conseguiu permitir a entrada de um pênis de um garoto aos seus 14 anos, porque as amigas faziam e sem ter muita certeza do que queria. Nós não. Nós temos certeza do que queremos e lutamos muito pra conquistar o direito de fazer sexo, por isso o nosso sexo é muito mais nosso, muito mais por opção do que qualquer outra mulher.
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Muita gente pensa que a mulher com vaginismo não consegue transar porque não quer e a situação é completamente ao contrário. A gente quer sim. A gente quer muito. A diferença é que pra conseguir isso, a gente tem que lutar. E lutar contra uma coisa que a gente nem sabe o que é, de onde vem, e porque acontece...
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Bom, amigas, continuem lutando! Um dia eu tenho certeza que vcs estarão aqui dando um testemunho da sua conquista! Tô esperando, hein? rs
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Bjs