Genteeeem!
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Nem comecem a ler esse post se não estiverem prontas pra ficar um tempão aqui! Porque ele vai ser enooooormeeeee!! Tenho tanta coisa pra contar sobre a consulta de ontem! Vou contar pra vocês tudo o que aconteceu e tudo o que eu aprendi! Só não vale rir das minhas dúvidas bocós que denotam toda a minha ignorância ginecológica! hahaha
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Sentadas e bem acomodadas? Então vamos começar! Meninas, me desculpem se eu for e voltar nas histórias ou se ficar algo meio confuso, mas é que eu tenho mesmo muito o que contar! Se ficar devendo alguma coisa, podem me cobrar depois, ok?
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Bom, a médica nova foi indicação de uma amiga, marquei a consulta há mais ou menos 1 mês. Cheguei lá 25 minutos antes do meu horário, pois afinal sou uma mocinha muito pontual! hehe (se meu terapeuta vê eu dizendo mocinha, ele me esfola! haha) Imaginem só que horas eu fui atendida? Quase 4 horas depois!!! Gente! Tava louca da vida, achando um abuso, um ultraje, uma falta de respeito! Pensei em fugir, ir embora, só que fiquei analisando se de alguma forma estava querendo fugir mais por medo do que por impaciência. Aceitei que tava mesmo era com um medão danado e decidi me obrigar a ficar ali quantas horas fosse preciso, afinal tinha sido difícil arrumar uma indicação boa perto do trabalho, tinha demorado pra eu conseguir a consulta e eu precisava tomar vergonha e cuidar da saúde.
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Beleza. Quando tava quase na hora de ela me chamar, fui até a recepcionista ver quantas faltavam pra minha vez e veio a primeira saia justa da noite. A recepcionista queria saber se eu iria fazer o papanicolau ou não porque a minha consulta era particular e eu tinha que pagar antes. Obviamente eu não sabia essa resposta, aí disse pra ela que queria falar com a médica primeiro. Aí ela me perguntou se fazia mais de um ano do meu último papa, eu disse que sim e ela disse que então eu tinha que fazer e eu insisti que queria falar com a médica. Como ela não desistia, resolvi que não ia fazer papanicolau nenhum e que se ela queria tanto o cheque, eu preenchia logo (bem brava mesmo).
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Depois do pitizinho, logo foi a minha vez. Subi as escadas, entrei na salinha e quem me atende? Uma enfermeira pra fazer a tal da triagem... Ela me perguntou idade, idade da primeira menstruação, estado civil, método contraceptivo e quanto tempo fazia desde o último papanicolau. :S Pensei em dizer que fazia 27 anos, mas achei que a menina não fosse entender! hahaha Como eram duas opções (+ ou - de um ano) e 27 é mais de 1, respondi: "+ de um ano" (hehe), aí ela disse que eu tinha que fazer o papa, de novo falei pra ela que queria falar com a médica primeiro e a moça toda doce me falou que a médica sempre pede papa pra quem está a mais de um ano sem fazer e eu insisti que queria falar com a médica antes. A mocinha era muito doce mesmo e me esclareceu que ela prepara as pacientes, troca a roupa e coloca na posição pra ficar fácil pra dra. coletar o material e eu (vermelha e incomodada, já) disse pra ela que realmente não iria fazer sem falar com a dra. Finalmente ela desistiu.
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Depois disso esperei mais uns 10 minutos até a dra. chegar. Eu já estava pensando em um jeito de fugir, não queria mais ficar ali, tava me sentindo péssima, com vergonha de tudo o que já tinha acontecido, arrependida por ter esperado e tudo o mais. Eis então que a médica entra no consultório, sorri, me cumprimenta e pergunta sobre o q? Oras, sobre o papanicolau! Foi assim: "Vc disse que faz mas de um ano que vc não faz papanicolau, né? Quanto tempo faz?" e eu disse: "então, Dra., a história é longa... na verdade, eu nunca fiz!" e ela perguntou o porquê e lá fui eu com a voz tremida e já meio embargada contar minha história...
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O mais legal foi ver as caras que ela fazia, gente! Ela sabia exatamente do que eu tava falando e em nenhum momento franziu a testa, nem depois da minha primeira e fatídica frase: "sou casada há um ano e meio e nunca tive relações sexuais completas com meu marido", todos os outros médicos me encararam como se eu fosse anormal e ela não. Ela me olhou como se eu fosse mais uma num mar de tantas outras sofredoras e isso me fez me sentir muito bem! :) Me senti uma pessoa normal...
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Quando eu terminei de falar, ela esclareceu algumas dúvidas (do tipo se eu não consigo nadinha de penetração, até onde eu já fui e tals) e por fim me disse que tem um monte de pacientes como eu e que eu não tenho que me sentir constrangida de nenhuma forma e que é importante que eu descubra que causas psicológicas estão por trás de tudo isso. Quando soube que eu estou fazendo terapia, ela ficou super contente, disse que eu estou no caminho certo e que já tenho algumas evoluções e que é isso aí, é perseverar, se tratar e ter paciência porque este num é um problema que se resolve do dia pra noite. Ela perguntou se meu marido participa das sessões, eu expliquei como é e ela disse que é muito importante que ele participe comigo, que a gente leia junto, que a gente converse sobre isso porque cada casal tem um encaixe e a gente precisa descobrir o nosso junto! Ou seja, ela não disse que eu sou incurável mas tb não encarou meu problema como uma banalidade! Ela acertou na medida!
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Quando usei o termo vaginismo, aconteceu uma coisa "interessante", ela virou pra mim e disse: "mas não é só vaginismo que vc tem!", confesso que um pânico passou pela minha mente e eu perguntei o que mais eu tinha. Ela me explicou com todo o carinho que por trás do vaginismo há muitas causas psicológicas que tem a ver com a minha infância, com a minha educação (e tudo aquilo que estamos cansadas de ler por aí) e eu entendi que o conceito dela de vaginismo está somente ligado à contração dos músculos. Achei interessante ver que mesmo tendo este conceito (que pra mim é errado) do vaginismo, ela não ignora as causas psicológicas e tem plena noção que não é possível se curar sem antes resolver essas pendências.
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Daí falamos sobre o papanicolau. Como disse a vocês ontem, eu queria muito fazer o exame, pq quero cuidar da minha saúde e ela me explicou coisas sobre isso que acho que vcs tb precisam saber. A dra. me perguntou se eu tinha algum corrimento e como a resposta foi negativa, ela disse que eu não preciso fazer o exame AINDA, que o exame é obrigatório após mais ou menos um ano de atividade sexual e nesse caso só vale a completa. Ela me contou também que, se for o caso de uma mulher ter vaginismo até os 35 anos de idade, por exemplo, aí é importante fazer o exame, porque com essa idade já é mais arriscado para as doenças do útero, mas que na minha idade ainda não é preciso ter pressa.
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Ela me contou também que um estudo diz que a maturidade sexual da mulher ocorre por volta dos 30 anos, considerando que ela tenha iniciado sua vida sexual aos 18 anos. Imaginem só! Precisa de 12 anos pra ser sexualmente madura! Não sabia disso e achei bem legal! Ela usou isso pra ilustrar que se pra uma mulher "comum" é preciso tanto tempo pra ter maturidade, porque eu tô com tanta pressa? Adorei! hehe
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Conversamos sobre como vai ser a partir de agora. Ela disse que é interessante que eu me consulte com ela de 6 em 6 meses, porque ela quer acompanhar essa minha evolução. Se eu tiver algum corrimento ou anormalidade antes desse tempo, eu tb devo marcar uma consulta. Segundo ela, é importante que a gente se conheça e que eu adquira confiança nela pra poder fazer o papanicolau. Ela disse que esse exame é super chato e incômodo pra todas as mulheres e que fazê-lo em mim ontem poderia, além de tudo isso, ser traumático, porque eu ainda não estou pronta. Então pra que forçar se ainda não há necessidade? Ela disse tb que fez uma anotação na minha ficha e que nas próximas consultas não terei que justificar tantas vezes pq não farei o papa, é simplesmente dizer "não, hoje não vou fazer o papa" e ponto final. Aí quando eu entrar na consulta, se nós duas acharmos que podemos tentar, é simples, a gente vai lá e tenta! Ela falou que tem várias pacientes que ela tenta num dia não consegue, aí a paciente vai no dia seguinte e tenta de novo e vai assim até conseguir. Que ela já está acostumada com esses casos e que o negócio é não ter pressa! :D
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Ah! Ela me explicou uma coisa sobre os preparativos pro papanicolau que eu não sabia direito... Li na internet que pra fazer esse exame precisamos ficar de 3 a 5 dias sem relações sexuais. Eu, do alto da minha inocência, achei que era sem relação nenhuma (afinal, pra uma vagínica, relação sexual num é penetração, né?) e ela disse que só não pode haver ejaculação lá dentro, se não quando coletar o material vai ter espermatozóides vivos lá (eles duram 3 dias), então transar com camisinha pooooode! rs
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Ela me contou vááários casos de outras pacientes dela pra ilustrar e eu vou contar os que eu lembrar pra vcs. Na hora em que estava me dizendo que não precisava ter pressa pra fazer o papanicolau, ela disse que teve uma paciente que tinha que fazer o exame e naquela época o espéculo era de metal (hoje é descartável - deve ser de um tipo de plástico) e que a mulher teve uma contração involuntária tão forte que quebrou o espéculo dentro dela, e até machucou a vagina! Chocante, né? Ela contou tb de uma outra paciente que aos 45 anos (15 de casada e desde sempre se tratando com a mesma médica) ainda tinha vaginismo e a médica teve que anestesiá-la pra fazer o exame! Eu até perguntei se ela não se curou e a médica disse que o primeiro passo pra curar é admitir que tem um problema e que precisa de ajuda e essa paciente nunca conseguiu isso... :( Ela contou um outro caso de uma japonesinha que começou a fazer uma série de exames pra saber porque não conseguia engravidar e não dava pra entender porque ela não tinha nenhum problema, depois de muuuito tempo a médica descobriu que a paciente só praticava sexo anal! :S Até onde vai a ignorância da mulher, né? (e, que fique claro, não estou me excluindo das ignorantes)
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Bom, daí mostrei meus exames pra ela (que o outro gineco havia pedido), ela me receitou um remédio pros cistos que eu tenho nos seios (nada grave, gente, já tive mil vezes e só vai se curar completamente quando eu amamentar), disse que meu útero e ovário são normais, então, a priori, não há com que se preocupar.
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Falei pra ela de umas dores que eu tô sentindo (bem embaixo na barriga e nas costas) e a vontade de fazer xixi toda hora, e ela explicou que isso é cistite e infecção urinária, ela me pediu um exame de urina e me deu um remedinho, que bom pq eu não aguento mais essa dor chata... Aí começamos a investigar minhas possíveis causas e como eu bebo muita água e não sou de segurar o xixi, chegamos a algumas conclusões que tb são importantes para vocês:
exercícios de Kegel não podem ser feitos com frequência durante a micção, se não provoca uma espécie de refluxo na urina que pode causar infecção
depois de namorar o marido (mesmo que seja só uma brincadeirinha ali na portinha) é sempre bom fazer xixi, aí se alguma bactéria entrou, a gente coloca pra fora!
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Já no final da consulta, quando estávamos de pé pra sair, ela me disse que as pessoas que sofrem desse problema costumam procurar soluções na internet com o que ela chamou de "Dr. Google" (hehe), mas que esse assunto ainda não é muito abordado, e as informações não são muito claras... Aí tive que falar do blog, né? Ela achou mega legal a nossa iniciativa e que daqui a pouco eu vou dar palestras a esse respeito! haha Eu disse pra ela que se aparecer alguém lá com dificuldade de encarar que tem esse problema pra indicar o blog que a gente ajuda a pessoa! Né?
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Então, gente, apesar de tudo o que aconteceu (a espera e as perguntas chatas), eu gostei muuuito dessa médica, finalmente alguém que me entende, que sabe do que eu tô falando e que tem experiência com gente como eu! :) Tô encarando as coisas chatas que aconteceram com as atendentes como um teste pra ver se eu tava bem convicta! hahaha E eu passei no teste! Nada é fácil pra gente mesmo, né, pessoal? Então pq eu vou reclamar? Foi difícil mas valeu a pena!
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Bom, acho que foi só isso! Se eu lembrar de mais alguma coisa, posto depois, tá?
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Bjs!